quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O potencial da indústria do cinema no Brasil


O cinema e o audiovisual são atividades em expansão constante no mundo. A multiplicação dos meios pelos quais se veiculam sons e imagens, como DVD, TV aberta, por satélite, cabo, internet, celular, tornam sua presença cada vez maior e mais importante.
Paralelamente, a inovação digital na captação e reprodução de imagens moderniza e barateia os custos da produção audiovisual, universalizando o acesso a alguns dos meios tecnológicos e, com isso, possibilitando o aumento da produção. Mesmo assim há um déficit de produtos audiovisuais — é um cálculo difícil, mas é corrente que a demanda é maior que a oferta — e isso faz com que as chamadas bibliotecas de títulos, ou filmes de acervo, cada vez se valorizem mais.
Se os novos meios de veiculação e produção tornam os produtos audiovisuais mais acessíveis e presentes às pessoas, vem somar-se a isso ainda a tendência ao aumento do tempo disponível para lazer e consumo na sociedade moderna.
O cinema, entre as diversas formas de produção audiovisual, é considerada a mais nobre, por ser a mais cara e elaborada. Nos tratados de comércio mundial, filmes — que podem ser considerados produtos industriais (indústria cinematográfica) — não podem ser taxados para importação, pois são classificados como se fossem obras intelectuais. Por esses preceitos, não se estaria importando um objeto no qual existiu gasto de matéria-prima, como no caso de um automóvel, e sim uma matriz (a cópia do negativo) que teria o mesmo tipo de valor que o texto de um livro, a partitura de uma música, ou seja, algo imaterial.
É dentro dessas regras que as diversas cinematografias nacionais concorrem com a indústria internacional. Indústria internaciona,l neste caso, é quase um eufemismo dos EUA, que detêm mais de 80% do "PIB mundial de cinema" e tem o maior mercado interno do mundo, avesso a filmes estrangeiros.
Um filme brasileiro, cujo custo médio é cerca de R$ 3 milhões, entra no mercado para concorrer com um filme norte-americano que chega ao Brasil a custo zero, pois já foi pago no próprio território nacional deles. É como se imaginássemos que qualquer indústria brasileira pudesse sobreviver competindo com produtos não-taxados e sem custos de fabricação. Seria mais ou menos o mesmo que o computador fabricado no Brasil ter que competir com uma fotografia do computador fabricado fora.
Uma política para o cinema deve levar em conta sua complexidade em todos os elos da cadeia, a começar pela produção, que requer tecnologias e mão-de-obra sempre atualizadas, com equipamentos para filmagem, efeitos, finalização, laboratórios. Mas além da produção, a atividade precisa se articular nos segmentos da distribuição e exibição — em salas de cinema e em outros veículos. Exibidores são empresários que dependem de um fornecimento de muitos filmes, de forma constante e regular ao longo do ano, e quem pode lhes fornecer isso é o distribuidor. No país, há quatro grandes escritórios de distribuição que representam as principais empresas norte-americanas: Fox, Uip, Columbia, Warner.
Evidentemente, o cinema brasileiro tem que se defrontar com essa realidade e buscar uma forma de nela se inserir. Uma política que atue levando em conta a complexidade de todos esses parâmetros, tem que ser pensada em médio prazo, numa atuação regular de implantação da atividade. Há muitas iniciativas dos governos e órgãos públicos buscando essa atuação política mais ampla, mas a única forma de consenso é o fomento à produção.
Mas toda a política que se faz para o cinema nacional, principalmente o fomento, vem revestida por julgamento de valores morais, sempre com forte amplificação e repercussão pública. Ora há um sentimento ufanista em relação ao cinema brasileiro — que o vê à altura da melhor música e futebol do país — ora se propaga a idéia que os cineastas são uns "mamadores-de-têtas", à altura de corruptos de CPIs. Vêm à tona sentimentos de amor e ódio. Isso pode ser mais facilmente compreendido ao pensarmos na identificação que o cinema causa: quando se assiste a um mau filme brasileiro, o sentimento de revolta é muito maior do que quando se assiste a um mau filme qualquer, de outra nacionalidade, e evidentemente o regozijo, no caso oposto, é maior também.
Tais fatores subjetivos só vêm reforçar a importância do cinema brasileiro, e devem ser tomados como elogio. Mas, freqüentemente, esses sentimentos representam o maior temor de quem está seriamente envolvido nas lides cinematográficas: estamos sujeitos a campanhas públicas em que somos incensados como heróis de retomadas do cinema, da mesma forma que linchados como escória desonesta. Nenhuma das duas afirmações é verdadeira, evidentemente, mas é preciso esclarecer essas circunstâncias para que alguma objetividade prevaleça, quando for necessário.
O cinema, como atividade industrial que tem conteúdo cultural, é a conciliação do pensamento objetivo da indústria, com o subjetivo da criação artística. Ao se falar em políticas para o cinema, é preciso também lidar com os eventuais conflitos do universo subjetivo da paixão pelo cinema, com a objetividade dos argumentos.


Por: Marta Gabriela

A revolução digital

Vive-se atualmente uma transição tão importante quanto a que o mundo assistiu com aquela desencadeada pela convergência do uso de tipos móveis e de papel barato (comparado com o custo do pergaminho) no processo de produção de livros, jornais, mapas e, por conseguinte, de conhecimento, quando da passagem do texto manuscrito para o impresso. Diferentemente daquela, entretanto, esta está sendo fartamente documentada. Aliás, o excesso de informação é uma de suas características. Todas as atividades relacionadas com a manipulação, a edição, o armazenamento, a distribuição e recuperação da informação, assim como todas as formas de trabalho que lidem diretamente com dados textuais, simbólicos, numéricos, visuais e até mesmo auditivos, precisam agora adequar-se à forma digital.
A tecnologia é um catalisador de mudanças particularmente importantes e pungentes para as bibliotecas, uma vez que cria novas necessidades e altera velhos e sólidos paradigmas estabelecidos ao longo de muitos séculos. A decorrência maior desta transição é que a informação torna-se cada vez menos ligada ao objeto físico que a contém.
As mídias digitais estão substituindo o papel em uma variedade de aplicações e em uma velocidade vertiginosa. Ao mesmo tempo, criar, acessar, disponibilizar uma coleção virtual representa uma "coleção" de problemas. Este artigo pretende abordar alguns destes problemas, as razões pelas quais vale a pena enfrentá-los e algumas das conseqüências práticas e filosóficas que tal situação traz para os profissionais da informação. O assunto Bibliotecas Virtuais é vasto e complexo. O presente artigo pretende apenas contribuir para o debate existente e servir de veículo às minhas reflexões sobre o assunto.
Da mesma forma como a Revolução Industrial não eliminou a agricultura, mas a marginalizou de forma crescente como fonte de renda, trabalho e poder, a Revolução da Informação faz migrar o capital para a própria informação, sua distribuição e recuperação. A sociedade e a economia tornam-se, cada vez mais, information-based. O declínio acentuado dos custos de hardware e software e o crescimento extraordinário do acesso comercial auxiliam e aceleram esta transição." Ao subverter a economia de produção em massa, as novas tecnologias da informação estão diminuindo os custos da diversidade, tanto em produtos quanto pessoal, desmassificando nossas instituições e nossa cultura, bem como criando um novo potencial para a liberdade humana, uma vez que eliminam a necessidade do paradigma institucional central da vida moderna: a burocratização".


Por: Marta Gabriela

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Trailler do curta "A história de todo dia"



Filme desenvolvido a partir de um projeto social da ONG VIVA Rio, com produção da produtora laboratório da SUAM e direção de Leandro Mathiello e Ronan Pinheiro.